Exibição de cópia restaurada de “Quando o Carnaval Chegar” emociona Cacá Diegues
< >

O vão-livre do Masp abrigou, na noite desta quarta-feira (26), um eclético público que se acomodou ali para acompanhar as peripécias da trupe de artistas que protagoniza Quando o Carnaval Chegar, de Cacá Diegues, filme que integra as exibições da Semana do Patrimônio Audiovisual —uma parceria entre a Mostra e a Cinemateca Brasileira.

Pouco antes da exibição, Renata de Almeida, diretora da Mostra, ressaltou a importância do evento. “Estamos comemorando aqui a Semana do Patrimônio Audiovisual, que diz respeito ao nosso direito à memória, à nossa história e às nossas imagens. E essa noite é muito especial também porque temos a presença do grande mestre Cacá Diegues”.

Aplaudido, o cineasta contou para os espectadores um pouco sobre sua obra. “Fiz esse filme em 1972. Eu estava voltando para o Brasil depois de um exílio de três anos. Cheguei aqui e achei que as pessoas estavam muito tristes. Então, pensei que a gente não precisa estar triste para fazer uma revolução, podemos estar alegres”, disse. “Imaginei esse longa como uma espécie de alívio para o que estava acontecendo, mas, ao mesmo tempo, com uma ideia metafórica muito clara. Talvez seja o filme mais político que eu já fiz na vida e ele não tem uma palavra sobre política, só as indicações do que estava acontecendo [na época]”.

Cacá Diegues também falou sobre a emoção de Quando o Carnaval Chegar ter sido restaurado. “Tenho a maior satisfação de estar aqui, sobretudo porque essa é uma cópia restaurada pela Cinemateca, o que me dá muito prazer e muita alegria”, concluiu.
Leandro Pardí, que esteve presente representando Olga Futemma, diretora da Cinemateca Brasileira, comentou sobre o processo de restauro. “Fizemos essa cópia a partir dos negativos originais e ela foi exibida apenas duas vezes na própria Cinemateca. Esta é a primeira exibição fora da instituição”, afirmou.

O PÚBLICO

Quando o Carnaval Chegar foi o primeiro filme que Ana Paula Pedroso, 36, administradora, viu no vão-livre. “Adoro as sessões no Ibirapuera, mas nunca tinha vindo aqui. Sempre procuro prestigiar a Mostra. Acredito que é importante conhecer o que está sendo mostrado no festival para que você vá criando uma opinião sobre o cinema”.

Artax Xerxes, 47, vigia, aproveitou a folga do trabalho para assistir à obra de Diegues. “Escutei no rádio sobre a sessão e, como na minha cidade [Franco da Rocha] não há muitas opções de divertimento, eu vim”, relatou.

Já o motivo que levou Laerte Andrade, 36, astrofísico, ao Masp foi o formato da exibição. “Vim nesta sessão, principalmente, porque o filme vai ser exibido em película, que é algo que está cada vez mais difícil da gente assistir em qualquer lugar. E, além disso, é um filme que eu sempre ouvi falar e nunca tive a oportunidade de assistir”.

Ana Elisa Faria

43ª MOSTRA INTERNACIONAL DE CINEMA

43ª MOSTRA INTERNACIONAL DE CINEMA